quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

João Praga solta gases em palco





Pois conto-vos com algum pesar o que sucedeu há dias no São Luiz em noite de fados. Estava o João Bernardo Praga a apresentar a «soirée» quando começou a ter a infelicidade de lhe acometerem gases tão ruidosos que o público ouviu. Coitado do Praga! Ele, impávido e sereno – um Senhor! -- a tentar disfarçar o incómodo, mas era ruído bastante preciso e estridente para não se adivinhar de onde vinha. O público continha o riso com dificuldade e já corria grande burburinho na sala quando o Braga chamou a Maria Vodafone ao palco. Pois ainda foi pior! A garota morta de riso evitando encará-lo e o Praga a falar com ela e a soltar gases ao mesmo tempo – «prrrrac!... diz-nos Maria... prrrrrac!... vais cantar .. prrrrac!».--, uma infelicidade medonha, o Praga todo torcido e o corpo a estralejar, a estralejar! Pois a sala não aguentou mais e ecoaram gargalhadas e alguma chacota. O Praga, muito digno, chegou-se ao microfone e pediu desculpa à assistência pelo desarranjo; que sentia o estômago às voltas e que lamentava o desconchavo. O público aplaudiu, compreensivo, menos um indivíduo de feições grosseiras que continuou a rir desbragadamente à boca do palco. Era o actor Victor Espinha, amigo do Praga, que estava sentado ao lado do Carlos Cunha. O fadista pediu silêncio geral mas o Espinha, todo torcido, continuou a rir e a largar pilhéria. Então o Praga, com ar grave e sério, dirigiu-se-lhe no sentido de ele abandonar a sala «já que tu, ó Espinha, nem os amigos respeitas» -- a frase foi mesmo esta. O público reconheceu o tratante e pôs-se do lado do Praga, começando a vociferar palavrões e ameaças contra o Espinha e o Cunha, que também estava a grasnar disparates. O Espinha acabou por sair não sem antes berrar alto e bom som: «Ó Praga, canta o fado do peidoso!», num dichote que fez rir toda a sala. Então o Praga perdeu as estribeiras, saltou do palco e foi atrás do Espinha. Parece que lhe deitou a mão no foyer e houve grossa altercação. O Praga haveria de voltar ao palco mais aliviado, tanto que não se lhe ouviu mais algum gás. Soube depois que o Praga foi cear ao Solar dos Presuntos acompanhado do sobrinho (na foto) e ali deu de caras com o Espinha. Diz que acabaram a noite aos abraços, pois o Praga tem um coração de ouro.


Camillo Alves

7 comentários:

Anónimo disse...

Buff! Mais vale um Praga no palco que duas Vodafones na mão

Anónimo disse...

Há aqui uma ligeira sensação de déjà vu

Anónimo disse...

Há aqui uma ligeira sensação de déjà vu

Anónimo disse...

Mudaram os nomes, pois

Anónimo disse...

... mas o boneco do velho a descarregar o traque é GENIAL!

Anónimo disse...

O Praga ainda mexe?

Anónimo disse...

... Se mexe! No outro dia estava em Algueirão e ouvia o homem no Terreiro do Paço