Macaco-cuspideiro

Barcelona-Athletic Bilbao em Camp Nou, domingo passado. O avançado camaronês Eto’o (Barcelona) cuspiu na cara de um adversário, o defesa Expósito. O árbitro não viu mas a televisão apanhou.
No final do jogo, o treinador do Athletic, Javier Clemente, comentou assim o incidente: «pensava que aqueles que cospem são os que descem das árvores». Pensou em macacos, portanto, embora os macacos também subam às árvores [se as descem é porque as conseguem subir]. A tirada abespinhou imenso os arautos da cidadania e da ética republicana de Castela, que logo trataram de chamar «racista» ao sr. Clemente, deixando, no entanto, passar em claro aquilo que originou o desabafo -- a nojenta excrescência que o sr. Samuel Eto’o Fils cuspilhou na cara do sr. Unai Expósito Medina, certamente repleta de micróbios e fiapos de bolo alimentar entretecidos no ranho. Note-se que esses mesmos arautos da cidadania e da ética republicana de Castela não largaram um pio quando a imprensa chamou «burro» em letra de forma ao sr. Clemente, era ele seleccionador de Castela. Ora, que se saiba, não há diferença entre macacos e burros, pelo menos aos olhos do Criador.
Mas fique o Eto’o a saber que não é caso único no Reino Animal: há pelo menos outro bicho que cospe. Chama-se cobra-cuspideira – lá está! --, lança escarros de veneno a uma velocidade formidável e usa apontar aos olhos da vítima.
A simpática zebra também bolsa com frequência, assim como o estúpido do urso polar na primeira semana pós-hibernação. O irascível doberman, regra geral, só vomita depois de ter sido envenenado.

Camillo Alves