Um grande Scorsese (2)
Continuando. Temos ainda o formidável Ray Winstone (Mr. French), que é o braço direito de Costello [na imagem, a quebrar o braço esquerdo de Di Caprio]. Mr. French ultrapassa em muito a violência patológica do lugar-tenente Joe Pesci em «GoodFellas». Este boi de olhar penetrante quebra ossos, estoira miolos e esgana a mulher. Numa palavra, arrasa tudo o que não lhe agrada, helas!, incluindo ele próprio. «Oh, que se foda!», diz ele (maçado) antes de enfiar um balázio pela queixada acima.
Mark Walhberg faz de sargento Dignam. Moço incorruptível e verdadeira metralhadora de palavrões. A cena final é toda dele, como verão. Em pantufas.
Os policias Martin Sheen (Oliver Queenan) e Alec Baldwin (Ellerby) são «secundários» de luxo. O primeiro vai para a rua mais cedo, para ela lançado do alto de um prédio pelo cabrão do Winstone e amigos. O segundo é boa malha mas tem feitio, como se comprova pela facilidade com que perde a cabeça e espanca desbragadamente um subordinado distraído à frente dos colegas.
Finalmente, Vera Farmiga é Madolyn, psiquiatra de olho bonito e fala titubeante. Atravessa-se (literalmente) no caminho e na cama de Matt e Leo e tem, digo eu, a felicidade de não se cruzar com o velho porco Nicholson. Estava feita, a julgar por uma porcaria que o biltre diz dela.
Tudo somado, recomenda-se vivamente... a despeito da quantidade de crânios baleados à queima-roupa [cenas desagradáveis à vista que Scorsese, como sempre, filma com um perfeccionismo mórbido].
Um clássico na linha de «Mean Streets», «Taxi Driver», «Raging Bull», «GoodFellas», «Casino» e «Gangs of New York». De estalo.
Barão de Lacerda
2 comentários:
Não gosto muito de Jack Nicholson mas tenho de dar o braço a torcer: é um vilão insuperável nas mãos de mestre Scorsese.
O filme é um «show» de representação... Di Caprio, Winstone, Damon e Walhberg são igualmente excelentes.
Já vi.
O Jack é brilhante e o Titanic também não está nada mal. Um Scorsese ao nível de «GoodFellas».
Enviar um comentário