quarta-feira, 29 de novembro de 2006

A Choldra (2) e Budapeste



Ainda o metro do Porto. Dizia-me hoje uma amiga, por alturas de Évora: - Ó Lacerda, e isso é o que se sabe agora. Então e o que se vai saber dentro de dez anos ?!?
Pois, é mesmo como ela diz. Um nojice permanente, sem fim à vista. Como deixei há muito de acreditar na objectividade e celeridade da Justiça portuguesa – por milhentas razões concretas, entre elas Camarate, Aquaparque, Casa Pia, Apito Dourado, todo esse lixo – resta-me dizer como gostava de ver um bom Tribunal Britânico ou Alemão tratar da «vidinha» a esta gente toda. Oh, se gostava. Oh, se tratava. Podia começar já pelo Apito Dourado. A ver se o grosseirão desse major não começava logo a piar mais fino, fininho. Ai não.

Enfim. Valham-nos as belas Mulheres que têm tomado de assalto as páginas deste blogue. Bem lançadas, bonitas, frescas. É uma boa pilhéria. Não serão todas elas flores que se cheirem, mas sempre é um consolo à vista. Em todo o caso, mil vezes preferíveis à caraçolha do Valentim. E do Narciso.

Tão enervado ando que acabo de decidir voar para Budapeste. Já.
A ver se acalmo. Cansam-me as constantes surtidas a Lisboa, mas também me esgoto na placidez do honestíssimo Alentejo. É a doença dos viajantes compulsivos, suponho. Budapeste, então. Longe da choldra, perto da Ópera. É que um tipo acorda, lê os jornais, sabe as notícias e revolta-se todos os dias com este País, caramba!

Note-se. Amo profundamente este País e a História deste País. Mas há alturas em que penso seriamente se «isto» alguma vez terá arranjo; se os meus e os vossos filhos pequenos terão de continuar a levar toda a vida com os canalhas, os caciques, os carreiristas, os graxistas, os brochistas, os fideputa, os bufos, os sonsos, os impunes, os laxistas, os tarados, os incompetentes, os moles, os mal dispostos, os malparidos, os invertebrados, os velhacos, os ressabiados, os barrascos, os superficiais, os soturnos, os cabrões, os invejosos, os ignorantes, os stressados, os cínicos, os assertivos, os convencidos... e todos os poltrões mal amanhados que todos os dias nos fodem o juízo e todos os dias desgraçam este país mais um bocadinho.

Temos de levar com isto para sempre? Está escrito em algum lado? Não há hipótese?...

Irra, estou impossível. Desculpem. É o Valentim, o Narciso, essa gente. Desculpem. Eu até sou um tipo positivo. Ala então para a velha e boa Hungria.

Estimações

Barão de Lacerda

5 comentários:

Anónimo disse...

Bravo, senhor Barão!
É um prazer lê-lo, o seu vocabulário é uma arma de arremesso. Utiliza-a bem: o senhor diz verdades atrás de verdades.
Continue, não deixe que o Alentejo o esmoreça!
Boa estadia em Budapeste.

BellaMafia disse...

Meu estimdo Barão:

Não se apoquente com os desvarios deste país, só nos traz velhice prematura, e citando a filosofia de Murphy:"Sorria. Amanhã será sempre pior."

Espero que traga consigo memórias da magnífica Budapeste.

BellaMafia

Anónimo disse...

Acaba de descrever 90% dos meus colegas de emprego, sr. barão de Lacerda. Ter-lhe-ão escapado duas ou três categorias (rabichas histéricos e vendedores da banha-da-cobra, por exemplo) mas estou certo que os despreza igualmente. Faça boa viagem!

Augusto Silveira

Anónimo disse...

Boa viagem Barão. Quedo-me vislumbrado a ler e reler os seus benditos desmandos sobre esta cambada porcalhota que nos rodeia. Em Budapeste é um pouco diferente, terra que devia chamar-se Lisboa porque a "peste" está aqui.
Saudações monárquicas

O Restaurador Olex disse...

Estimada LaBella Mafia:
de viagem trago sempre memórias... e, sim, sorrio sempre. Mesmo quando a coisa está preta.

Estimado Augusto: desprezar talvez seja um termo muito forte... ignorar, sem dúvida.

Estimado Visconde:
Oh meu caro, «Peste» não é só em Lisboa, é em todo o lado... olhe que esbarrei em pestes do pior em sitios tão simpáticos e sossegados como Chaves, Abrantes, Constância, Mértola, Estremoz, Avis, Tavira...

Estimações a todos

Barão de Lacerda