Abstenção: um Insulto

Disse o que pensava sobre o referendo. Julgo que ganhou o mal menor.
Falta dizer o que realmente me enervou: a abstenção. Nada que não se temesse, mas a verdade é que quase 60% dos votantes virou costas e disse népia. O voto em branco respeito religiosamente, a abstenção acho um insulto. Uma fideputice.
O que vai na cabeça desta gente?, grandes poltrões! raios parta tanta preguiça, tanta moleza, tanto comodismo, tanta falta de civismo, tanta cobardia - sim, cobardia: para mim é cobarde quem se alheia intencionalmente de uma decisão que envolve e respeita a todos; e consente que outros decidam por si.
Estou como o meu velho amigo Aphonso: a abstenção é boa para as amibas e os invertebrados. Eu votei pela primeira vez em 1979 (ou 1980?, foi na AD do Sá Carneiro) e desde então só falhei duas vezes porque estava no estrangeiro. Já votei em branco, mas baldar-me porque não sei quê e tal: jamais.

Quando penso no que os nossos pais e avós tiveram de amargar [os que amargaram] para chegarmos aqui dá-me uma náusea na tripa. Se ao menos essa gente que se balda soubesse, ainda que por alto, o que era a URSS de Brejhnev, a Roménia de Ceauscescu ou a RDA de Honecker. Mas não sabem. Não sabem nada.
A Democracia é um luxo, porra!. 32 anos depois temos 60% de videirinhos que passam ao lado dela. Intencionalmente.

Pois vão à merda. E não se queixem.

Barão de Lacerda