O Prof. Manuel Maria Carrilho levou uma banhada nas autárquicas há uns meses. E daí?
Daí que a sua egocêntrica cabeça resolveu que a culpa não foi sua, que a responsabilidade lhe é alheia e por aí fora.
Julgava ele que por ser professor de Filosofia, que pela sua tonta mulher ser estrela da TV (aqui a doutrina divide-se...), que pelo seu inocente filho ter dado nota de uma inteligência sem limites num vídeo de propaganda de gosto assaz duvidoso ("é o Papá"...) e que por andar pelas revistas cor de rosa, o povo lhe perdoaria a arrogância e a acidez, e o elegeria para "Mayor" de Lisboa. Enganou-se e perdeu. Perdeu? Não! Foi derrotado e humilhado. E daí?
Daí que, depois de mostrar desde logo ser mau perdedor, vem agora renovar essa simpática característica com um livro a que muitos já chamaram de literatura de justificação. Em "Sob o Signo da Verdade", entre outras coisas, Carrilho acusa os jornalistas de terem sido comprados e de fazerem o jogo de quem os comprou, rebentando-lhe com a que ele julga ser, a sua boa imagem. Os jornalistas são corruptos? Em geral? Em particular? Aqueles que aponta no livrinho? Outros? Todos? Só alguns? Pois a "matilha" além de corrupta é incompetente (esta qualidade da malta dos jornais não é grande descoberta...) e os comentadores e agências de comunicação e os empreiteiros e o diabo a quatro e, obviamente o estúpido do povo que nele não votou, todos são apontados como culpados da sua estrondosa derrota nessa choraminguice impressa.
Há um bom princípio em Direito que se prende com este género de coisas: Quem alega deve provar! O Carrilho alega que houve corrupção? Tem o dever, até pela sua responsabilidade de deputado da Nação ( muitas vezes ausente é certo) de o provar! Assistiu-se no "Prós e Contras" a uma triste exibição de ego ferido e de afastamento da realidade por parte do Carrilho, acompanhada de uma falta de qualidade intectual e moral digna de dó. Felizmente o Ricardo Costa (da SIC) - de quem não posso dizer que seja o maior admirador - não se ficou e mostrou á saciedade a qualidade da besta de que Lisboa se livrou. Até o Xerxes (Pacheco Pereira), que geralmente abusa do facto de pensar bem para se colocar acima de todos, mostrou compaixão, deixando o outro, o Carrilho, auto-enxovalhar-se (bonito o acto e o vocábulo).
Um livro que, se não fosse motivado pelo narcisismo exarcebado de um sopinha de massa cheio de tiques, devia e podia ter sido um aviso á navegação. Assim fica somente, a par de uns tantos processos de intenções e acusações não fundamentadas, como um traque nauseabundo de um derrotado azedo. Tanto é que só ele e o regressado Rangel leram o que não está lá escrito para justificar a azelhice biliosa do filósofo.
Para quem não viu acabou assim, sem razão e sem nível, o Carrilho:
"Você (Ricardo Costa) é a partir de hoje o rosto da vergonha do jornalismo português!"
Ao que ouviu do monhé, curto e seco:
"E você é o rosto da derrota eleitoral..."